Não Dá pra Servir a Dois Senhores

Lula é bem-intencionado. Ninguém que conheça minimamente sua trajetória pode negar sua sensibilidade social e seu compromisso com os que historicamente foram deixados à margem. Entretanto, governar em minoria, cercado por um Congresso fisiológico e conservador, exige pactos — e pactos cobram preço.

Ao compor um governo de coalizão, Lula tenta equilibrar interesses antagônicos: de um lado, o povo que espera dignidade, comida, escola e moradia; do outro, os barões do Agro Pop e os donos da Faria Lima, que querem crédito fácil, incentivos fiscais e lucros crescentes — com o mínimo de contrapartida social.

E então surge o impasse eterno, já registrado no Evangelho:

“Não dá pra servir a dois senhores.” (Mateus 6:24)

Não há como governar para os mercados e para os miseráveis ao mesmo tempo. Uma hora, a balança pesa. Uma hora, é preciso escolher.

E é nessa escolha — silenciosa, cotidiana, orçamentária — que a justiça ou a injustiça se revelam.

Governabilidade sem rumo é só sobrevivência. E o Brasil já sobrevive há tempo demais.

Embora os desafios sejam imensos e a balança penda para um lado, é inegável que Lula já restaurou parte do estrago feito pelo Inominável. O Brasil voltou a se posicionar no mapa; somos a sétima ou oitava maior economia do mundo, e todas as portas estão se abrindo novamente para o país.

Então, quando você for votar, não escolha apenas o presidente que fala o que você quer ouvir. Isso é coisa de curto prazo. De paixão.

Escolha, de cabo a rabo, representantes comprometidos com um projeto de país que inclua você, sua família, seus filhos.

Pense que está comprometido com um projeto para a próxima geração.

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Júlio César escreve textos opinativos para manter viva a capacidade de indignar-se com as dores do mundo — além de poemas, contos e crônicas.

Fortaleza – CE, 25/05/2025.