[Prosa Reflexiva-Espiritual]
Introdução
Entre o sagrado e o cotidiano, entre o Deus que salva e o homem que acolhe, esta reflexão conduz o leitor por caminhos onde a fé encontra o coração.
Francisco César não fala sobre doutrina, mas sobre presença.
Não teologiza, mas testemunha.
E é assim, com palavras simples e profundas, que ele nos revela Jesus — em sua humanidade compassiva e em sua divindade que redime.
O Sofrimento Germina a Fé
Desde muito jovem, mesmo em meio à dor e à incompreensão, Francisco César sempre teve a certeza de que Deus estava com ele. Ainda criança, enfrentando humilhações dentro do próprio lar, carregava no íntimo a convicção de que não estava sozinho. Deus enviava Seus anjos — e ele os sentia. Eles o guardavam. E, mesmo sem compreender racionalmente, dizia a si mesmo:
“A Graça de Deus nunca se atrasa.”
Não houve uma única greve de ônibus, caos no trânsito ou imprevisto que o deixasse desamparado. O anjo sempre chegava no momento exato de sua maior necessidade.
Hoje, mais maduro, ele reafirma: Deus é o Bem em si mesmo.
E esse Bem se fez carne e habitou entre nós. Jesus Cristo é a expressão viva desse Bem — homem de compaixão, Deus de amor. Ainda que os Evangelhos não relatassem Seu nascimento divino, Sua ressurreição ou os milagres, Francisco César ainda acreditaria com a mesma intensidade, porque sente que Ele vive dentro dele. Porque essa verdade não precisa de provas. É revelação interior.
A vida e os ensinamentos de Jesus não cabem em doutrinas ou templos.
Jesus não fundou igrejas, nem ergueu altares. Ele ofereceu um caminho: o do amor incondicional.
O Sermão da Montanha
No Sermão da Montanha, Jesus indica a direção da vida eterna já no presente. Para Francisco César, ali está a assinatura de Deus nas Escrituras — palavras que atravessam os séculos intactas, com força moral e espiritual:
“Bem-aventurados os que têm fome e sede de justiça, porque serão saciados.”
(Mateus 5,6)
“Bem-aventurados os misericordiosos, porque alcançarão misericórdia.”
(Mateus 5,7)
“Bem-aventurados os que promovem a paz, porque serão chamados filhos de Deus.”
(Mateus 5,9)
“Vós sois a luz do mundo… Não se pode esconder uma cidade edificada sobre um monte.”
(Mateus 5,14)
“Amai os vossos inimigos e orai pelos que vos perseguem.”
(Mateus 5,44)
“Tudo o que vós quereis que os homens vos façam, fazei-o vós também a eles; porque esta é a Lei e os Profetas.”
(Mateus 7,12)
Essas palavras, para Francisco, não são conselhos — são um caminho.
Não exigem religião, apenas humanidade.
Por isso, Francisco César não julga pela crença, mas pela prática do amor.
Não lhe importa se alguém é cristão, judeu, muçulmano, budista ou ateu.
O que importa é se essa pessoa ama, perdoa, pratica a bondade e constrói a paz.
Isso, para ele, é seguir Jesus. Isso importa.
Refletindo Sobre as Escrituras
Ele não consegue conceber um Deus vingativo, que condena filhos ao inferno, presente no Velho Testamento, e que essa concepção tenha sido tão usada pela Igreja e pelas famílias como forma de poder sobre o outro irmão — como a dizer-lhe: “Não faças isso! Deus castiga!”
E, por séculos, muitas pessoas passaram a amar um Deus “por medo”, quando deveriam se aproximar de Deus, de Jesus, de Maria, de José e de todos os anjos — por amor. Que o sentimento do medo nos invada apenas quando percebemos que estamos nos distanciando de Deus.
Francisco acredita num Deus que acolhe, regenera e salva.
Um Deus que deseja que todos, até os mais afastados, alcancem a vida eterna.
Porque Deus é Amor — e o Amor não condena, transforma.
Francisco César crê que o corpo volta ao pó, mas a alma segue viva.
Se a carne pode ser tão fraca, nada mais justo que ela retorne ao pó ou às cinzas.
E não, ele não é partidário dos que acreditam que a vida — na forma que conhecemos — deveria ser eterna.
Nada termina aqui.
A vida é preparação para outra dimensão.
Um ensaio espiritual para o repouso prometido.
Viver o Bem é experimentar a eternidade — desde já.
Jesus é seu alicerce.
O novo mandamento é a pedra angular de sua fé — a chave que abre todas as portas, inclusive as portas da Morada do Pai:
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
(João 13,34)
Ele crê, com toda sua fé — que nem sempre se revela robusta, muito pelo contrário — que o sacrifício de Jesus não apenas abriu as portas do céu, mas redimiu também os que estavam no inferno.
Porque sua entrega na cruz alcança até os mais perdidos — inclusive os que viveram nas trevas.
Para Francisco, todos que se arrependerem genuinamente encontrarão o perdão e luz para a caminhada da vida.
Deus não fecha as portas ao coração contrito.
Ele não rejeita quem retorna — mesmo que tarde.
Assim diz a Escritura:
“Se com tua boca confessares a Jesus como Senhor, e em teu coração creres que Deus o ressuscitou dentre os mortos, serás salvo.
Porque com o coração se crê para justiça, e com a boca se confessa para salvação…
Todo aquele que invocar o nome do Senhor será salvo.”
(Romanos 10:9-13)
Esse é o Evangelho em que Francisco César acredita:
Não o da culpa, mas o do recomeço.
Não o da condenação, mas o do arrependimento e do perdão.
Quem vier a se arrepender genuinamente, encontrará o abraço do Pai. Sempre.
Porque Deus não desiste de nenhum dos seus filhos.
Nem de Francisco. Nem de você.
Nem dos que se perdem na escuridão e buscam a Luz — Deus os encontrará.
Nem dos que O negam. Deus não negará a você o seu Lar,
se você se arrepender de todo coração dos pecados e cumprir,
e for um entusiasta do Seu novo mandamento:
“Amai-vos uns aos outros como eu vos amei.”
(João 13,34)
Senhor, eu creio — mas aumentai a minha fé.
O Amor de Jesus e os Invisíveis da Terra
Esse amor incondicional, Jesus o expressou de muitas formas.
Mas há uma frase que nunca saiu da memória de Francisco César:
“Deixai vir a mim as criancinhas e não as impeçais, pois delas é o Reino dos Céus.”
Toda vez que ele observa, sob pontes e viadutos, famílias inteiras em busca de alimento, sua alma se dilacera.
Ele sonha com o dia em que essas cenas não serão mais invisíveis, mas acolhidas com a caridade ativa de toda a comunidade.
“Quando fizerdes isso ao menor dos meus irmãos, a mim o fizestes.”
Francisco também guarda em seu coração a memória viva de pessoas que o ajudaram ao longo da vida — verdadeiros anjos.
Alguns já partiram, mas deixaram marcas de luz.
Hoje, ele retribui como pode, ajudando quem o procura.
É uma conta que nunca se quita — e é bom que seja assim.
A bondade precisa ser concreta.
Não basta sentir pena ou fazer promessas ao vento. É preciso agir, tocar, doar, estar presente.
Prestar ajuda financeira ou de outra natureza a quem mais necessita será sempre de grande valia, mas Francisco reconhece que “cair em campo com bandejões de alimento”, corpo a corpo, olhos nos olhos, tem tanto mais valor aos olhos de Deus.
O bem não pode se acomodar.
Essas ações que percebemos aqui e ali, promovidas por iniciativas de movimentos da igreja — também invisíveis, longe dos olhos dos mais abastados — são essenciais.
Salvam muitas vidas e humanizam tanto quem pratica quanto quem recebe.
Fazer o bem em si mesmo — sem vanglória, sem plateia, sem pretensões de eternidade — é o maior testemunho de fé.
Jesus não nos pediu perfeição, mas nos mostrou o caminho da sensibilidade, da entrega e do serviço.
A semente do bem já está em nós. Basta regá-la com pequenos gestos, discretos atos de justiça, e com a coragem de olhar nos olhos dos que o mundo insiste em não ver.
Conclusão
Redigir este texto foi, para mim, mais do que reflexão — foi oração.
Enquanto escrevia, senti a presença viva de Deus e o consolo de Sua Palavra.
Francisco César apenas deu voz à fé que o habita.
Através de Francisco César — persona simbólica, ponte entre o humano e o sagrado — o autor tece uma narrativa que não busca converter pela doutrina, mas convidar à presença amorosa de Deus.
E é nesse encontro entre palavras e silêncio, que Jesus se revelou —
humano no afeto, divino na entrega.”
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Julio César Fernandes
Este é um texto opinativo. As ideias aqui expressas refletem a visão pessoal do autor sobre os temas abordados.
O autor também escreve poemas, crônicas e reflexões literárias. [Em edição]
Fortaleza – CE, 08/05/2025.
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“A bondade, quando sincera, não busca recompensa.
Ela é semente lançada ao vento, e mesmo sem saber onde cai, floresce onde é preciso.”
[Autor desconhecido]
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Através de Francisco César — persona simbólica, ponte entre o humano e o sagrado — o autor tece uma narrativa que não busca converter pela doutrina, mas convidar à presença amorosa de Deus.