Donald Trump
Presidente dos Estados Unidos (2017–2021, 2025–presente
Os primeiros meses do segundo mandato de Donald Trump indicam um caminho perigoso e previsível: a consolidação de um regime autoritário nos Estados Unidos. Cercado por bilionários e aliados que compartilham sua visão de poder absoluto, Trump tem minado sistematicamente os freios e contrapesos que sustentam a democracia americana. Seu governo atual não se contenta mais com a retórica incendiária do passado—agora, a destruição institucional ocorre de forma acelerada e meticulosa.
A tentativa de modificar a Constituição para permitir um terceiro mandato pode soar absurda para alguns, mas não é impossível. Trump já demonstrou que não tem escrúpulos quando se trata de permanecer no poder. Seus ataques às instituições democráticas, a cooptação de juízes da Suprema Corte e a intimidação do Congresso fazem parte de um jogo estratégico de longo prazo. Se ele conseguir dobrar essas instituições, os EUA poderão entrar em um ciclo de autoritarismo do qual dificilmente sairão.
Mas talvez o grande obstáculo para qualquer resistência real esteja na própria sociedade americana. Historicamente, os Estados Unidos são um país de mentalidade protecionista, onde o individualismo sempre prevaleceu sobre a ideia de um bem-estar social coletivo. É uma nação que glorifica a meritocracia ao extremo, enquanto ignora ou minimiza as desigualdades estruturais que perpetuam a pobreza e a exclusão.
Além disso, o desconhecimento geográfico da população reforça esse isolamento intelectual: para muitos americanos, o mundo se resume ao próprio país e a poucos aliados tradicionais. Há quem sequer reconheça que existe vida abaixo da linha do Equador, o que torna ainda mais difícil uma compreensão global dos impactos do que está acontecendo.
E agora, somando-se a esse cenário caótico, temos a política de deportações em massa promovida pelo governo Trump. Brasileiros e imigrantes de diversas nacionalidades estão sendo expulsos do país sob uma justificativa nacionalista e xenófoba, sem qualquer consideração para os impactos que isso terá na própria economia americana. Durante décadas, os EUA se beneficiaram do trabalho árduo desses imigrantes, que ocupavam funções essenciais, muitas vezes em setores que os próprios americanos evitavam.
Ao expulsar essa mão de obra, o governo não só desestrutura a vida de milhares de famílias, mas também cria um efeito cascata que atingirá diretamente a economia: a escassez de trabalhadores tornará os serviços mais caros, encarecerá a produção e, inevitavelmente, pressionará a inflação.
O país, acostumado a pagar por serviços que permitiam que seus cidadãos cruzassem os braços, enfrentará um choque de realidade. Setores como construção civil, serviços domésticos, agricultura e hospitalidade sentirão rapidamente o impacto da ausência dessa força de trabalho. A longo prazo, o resultado pode ser um colapso econômico parcial, desmentindo a promessa populista de que os americanos ocupariam essas vagas.
As consequências desse cenário vão muito além das fronteiras americanas. Uma América sem democracia significa um novo equilíbrio global, onde regimes autoritários ganham força e legitimidade.
O declínio da democracia no Ocidente fortalece ditaduras e populismos, incentivando outros líderes a seguirem o mesmo caminho. Além disso, o desprezo de Trump por tratados internacionais, direitos humanos e políticas ambientais pode gerar um efeito dominó devastador para o mundo.
Diante desse panorama, a grande questão é: ainda há tempo para resistência? A sociedade americana conseguirá reagir antes que seja tarde demais? Ou estamos testemunhando, em tempo real, o fim da maior democracia do século XX?
A história já nos mostrou o que acontece quando instituições falham e líderes autoritários concentram poder. O mundo deveria estar atento, antes que não haja mais volta.
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