A guerra na Ucrânia já dura três anos e deixou um país devastado, com cidades em ruínas, milhares de mortos e milhões de deslocados. Nesse contexto trágico, a promessa de uma “mediação de paz” vinda dos Estados Unidos, sob a liderança de Donald Trump e J.D. Vance, revela-se uma farsa. O que poderia ser uma solução para o conflito, na verdade, apenas beneficia os agressores e sacrifica a Ucrânia mais uma vez.
A Agressão Tripla: Putin, Trump e Vance
A guerra começou com um agressor claro: Vladimir Putin. O ex-KGB sempre considerou a Ucrânia parte da sua esfera de influência e nunca aceitou sua independência plena. A invasão de 2022 foi uma continuação da anexação da Crimeia em 2014, um desrespeito evidente aos acordos internacionais.
Em 2025, surge um novo elemento na equação: os Estados Unidos, que deveriam ser aliados da Ucrânia, agem como cúmplices da Rússia. Donald Trump e seu vice, J.D. Vance, não apenas reduziram o apoio militar à Ucrânia, mas também propõem um acordo de “paz” que favorece exclusivamente Moscou. Na prática, esse acordo implica:
- A manutenção dos territórios ocupados pela Rússia, legitimando a invasão.
- A exploração dos minérios raros da Ucrânia pelos EUA, convertendo o país em uma colônia econômica.
- Nenhuma garantia de que Putin respeitará os termos do acordo, repetindo os erros do passado.
Assim, a “mediação” americana apenas consolida o que Putin já tomou à força e adiciona um novo explorador à equação: os próprios EUA.
A Hipocrisia dos Estados Unidos: Ajuda Com Segundas Intenções
A ajuda militar dos Estados Unidos à Ucrânia parece ter um objetivo oculto: garantir acesso às riquezas do país. Com grandes reservas de lítio, níquel e outros minerais raros essenciais para a indústria tecnológica e militar, a Ucrânia se torna um alvo estratégico. Com a Rússia ocupando parte do território e os EUA controlando a economia, o futuro da Ucrânia se assemelha ao de muitas nações exploradas por superpotências: um país dependente, sem autonomia real.
Além disso, Trump e Vance não disfarçam seu alinhamento com Putin. Enquanto criticam Zelensky, evitam confrontar o líder russo, demonstrando que a “paz” que oferecem é, na verdade, uma rendição forçada.
O Memorando de Budapeste: A Traição do Ocidente
A desconfiança de Zelensky é mais do que justificada. O Ocidente pediu desarmamento e, quando chegou a hora de proteger a Ucrânia, virou as costas. Por que Zelensky deveria confiar agora?
O Memorando de Budapeste, assinado em 1994, tinha como um de seus principais objetivos garantir que a Ucrânia desistisse de seu arsenal nuclear, que na época era o terceiro maior do mundo, herdado da União Soviética. Os EUA, o Reino Unido e a Rússia prometeram garantir a integridade territorial da Ucrânia em troca de sua adesão ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares (TNP).
Na prática, isso significava que a Ucrânia entregaria suas ogivas à Rússia para serem desmontadas, além de desativar suas infraestruturas nucleares. O interesse do Ocidente era evitar que uma ex-república soviética emergisse como uma potência nuclear independente, enquanto a Rússia buscava garantir que a Ucrânia não tivesse meios de se defender contra futuras agressões.
Com o tempo, ficou evidente que as “garantias de segurança” oferecidas pelos EUA e pelo Reino Unido não eram vinculativas. Quando a Rússia violou o acordo em 2014, anexando a Crimeia e, posteriormente, invadindo a Ucrânia em 2022, o Ocidente não cumpriu seu compromisso de proteger a soberania ucraniana. Se a Ucrânia tivesse mantido suas armas nucleares, é muito provável que Putin nunca tivesse ousado invadi-la, tornando o caso do Memorando de Budapeste um exemplo de como o desarmamento sem garantias reais pode ser uma armadilha.
A Ucrânia Sempre Foi Alvo de Exploração
Historicamente, a Ucrânia nunca foi vista como um país soberano por seus vizinhos mais poderosos. Durante séculos, fez parte do Império Russo e depois da União Soviética, sendo considerada uma colônia estratégica tanto pela sua produção agrícola quanto pela sua posição geopolítica.
Hoje, a história se repete. Se o plano de Trump e Putin for concretizado, a Ucrânia deixará de ser um país independente, tornando-se um território fragmentado, explorado economicamente pelos EUA e dominado politicamente pela Rússia.
O Que Zelensky Pede é Justo
Diante de tudo isso, a exigência de Zelensky é a mais razoável possível: garantias reais de que qualquer acordo será cumprido e apoio para a reconstrução do país. É irrealista esperar que um país devastado por um agressor não tenha o direito de exigir segurança e reparação? É absurdo imaginar que a Ucrânia aceite um acordo sem proteção contra novas agressões russas.
Se os EUA realmente quisessem mediar a paz, deveriam estar focados em garantir a soberania da Ucrânia, não em explorar seus recursos. Contudo, os interesses econômicos e políticos frequentemente falam mais alto do que a justiça.
Zelensky enfrenta não apenas Putin, mas também um jogo de poder no qual sua nação é tratada como moeda de troca. A verdadeira paz não pode ser construída sobre traição e ganância.
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Fontes consultadas:
1. Histórico do Memorando de Budapeste (1994) e Garantias de Segurança
- Memorando de Budapeste: Acordo entre EUA, Reino Unido, Rússia e Ucrânia que garantiu a integridade territorial da Ucrânia em troca de sua adesão ao Tratado de Não Proliferação de Armas Nucleares.
2. Contexto da Guerra na Ucrânia
- BBC News e Reuters – Cobertura da invasão russa de 2022.
- Relatórios da ONU e Human Rights Watch sobre os impactos da guerra e a situação dos deslocados e mortos.
3. A Relação EUA-Ucrânia e Interesses Econômicos
- A exploração de recursos naturais da Ucrânia e a geopolítica envolvendo o acesso aos minérios raros.
- Fonte sugerida: The Guardian ou New York Times – Análises sobre o papel dos EUA na guerra e os interesses econômicos.
- Artigos sobre as reservas de lítio e outros minerais raros da Ucrânia e como essas reservas impactam a economia global.
4. Trump e a Proposta de “Paz”
- A postura de Trump sobre o conflito ucraniano e seu alinhamento com Putin, além de suas propostas para um “acordo de paz” com a Rússia.
- Fonte sugerida: Politico – Cobertura do posicionamento de Trump sobre a Ucrânia.
- Análises de especialistas sobre as intenções políticas e econômicas de Trump e sua relação com Putin.
5. A Hipocrisia do Ocidente e o Alinhamento com a Rússia
- Discussões sobre o apoio inicial dos EUA à Ucrânia e a mudança de postura com a administração Trump.
- Fonte sugerida: Foreign Policy – Artigos sobre a evolução da postura ocidental no conflito e suas implicações para a Ucrânia.
6. Papel de Elon Musk e Seus Interesses
- A influência de Musk e suas declarações sobre o conflito, além de suas propostas controversas.
- Fonte sugerida: Business Insider ou Bloomberg – Análises sobre a visão de Musk e suas propostas para a guerra.
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Pesquisador: Júlio César
Artigo: A farsa da mediação
Série: Minhas pesquisas
Data: 01/03/2025